Quase todo mundo tem uma certa compulsão por algo ou desenvolve esse tipo de comportamento em determinadas situações. Estava pensando nisso, ontem de noite, ao encher um copo de 250ml com uma dose dupla de cappuccino direto de uma daquelas maquininhas da Nestlé. Nunca fui um apreciador de café e jamais tomo essa bebida em casa, mas sempre que estou trabalhando costumo ingerir pelo menos alguns goles de alguma de suas variedades.
As doses freqüentes de cafeína poderiam ser uma espécie de doping para aumentar a concentração, mas acho que é compulsão mesmo. Muito trabalho, pouco trabalho, estresse, tempo sobrando, um papinho entre uma matéria e outra (ou Rosseto para alguns – depois explico isso em outro post), qualquer desculpa serve para ir na máquina de café.
Algumas de minhas piores crises de gastrite ocorreram quando estagiei na CTTU. O motivo? Meu computador ficava ao lado de um pote de bolachas e duas garrafas térmicas de café que eram reabastecidas pelo menos uma vez por dia.
Desde então, tento maneirar, mas sempre fico íntimo das máquinas de café quando trabalho numa empresa que tenha essas engenhocas. Acho que a única vez que usei a cafeína como uma espécie de doping foi no ano em que fiz vestibular, porque gostava de estudar de noite e precisava espantar o sono. Então umas quatro xícaras resolviam. Nada de mais, a não ser que o sujeito não pare por aí.
Na minha época de colégio, um amigo meu começou a tomar café com o mesmo propósito. Na véspera de uma prova gastava quase meio pote de Nescafé para se manter acordado e dar aquela revisada. Depois de alguns meses, a cafeína não fazia o mesmo efeito e ele passou a combiná-la com doses cavalares de pó-de-guaraná. Quando essa química deixou de resolver, ele começou a apelar para os arrebites (remédios utilizados por caminhoneiros para dirigir por 48h seguidas).
O pior é que funcionava e o cara estudava em uma noite o que os outros estudantes passavam uma semana para ler. O único inconveniente era uma tremedeira que dava nele no dia seguinte, inclusive durante as provas. Em uma das vezes que fez vestibular, esse meu amigo quase foi expulso da sala de prova pelos fiscais e outros candidatos porque suas pernas tremiam tanto que sua banca fazia um barulho insuportável.
Mas deu certo. Depois de algumas tentativas frustradas, o cara conseguiu passar em medicina e hoje deve estar na metade do curso. Nem consigo imaginar o que ele aprendeu nas aulas de farmacologia para turbinar os arrebites. Estou com azia só de pensar. Não tenho estômago para isso e acho melhor diminuir minha ingestão de café.